A Dislexia - Atenção aos sinais!! Não se resolve com lentes prismáticas ou coloridas, nem com treino de visão ou psicomotor, nem com correcções de postura. É uma perturbação de origem neurobiológica e genética relativamente frequente que deve ser diagnosticada atempadamente para uma correcta intervenção educativa A Dislexia é a actualmente aceite pela grande maioria da comunidade científica. De que é que resultam estas dificuldades? Paula Teles explica: “Já vimos que a origem é neurobiológica, também tem influências genéticas e para além disso é motivada por alterações estruturais e funcionais do cérebro”. SINAIS DE ALERTA NA PRIMEIRA INFÂNCIA Sendo a dislexia como uma perturbação da linguagem, que tem na sua origem dificuldades a nível do processamento fonológico podem observar-se algumas manifestações antes do início da aprendizagem da leitura e que podem indiciar dificuldades futuras. Se esses sinais forem observados e se persistirem ao longo de vários meses os pais devem procurar uma avaliação especializada. Os primeiros sinais indicadores de possíveis dificuldades na linguagem escrita surgem a nível da linguagem oral. O atraso na aquisição da linguagem pode ser um primeiro sinal de alerta para possíveis problemas de linguagem e de leitura. - As crianças começam a dizer as primeiras palavras com cerca de um ano de idade e a formar frases entre os 18 meses e os dois anos. As crianças em situação de risco podem só dizer as primeiras palavras depois dos 15 meses e dizer frases só depois dos dois anos. Este ligeiro atraso é frequentemente referido pelos pais como uma característica familiar. Os atrasos de linguagem podem acontecer e acontecem em famílias, a dislexia também é uma perturbação familiar. - Depois das crianças começarem a falar surgem dificuldades de pronúncia, algumas referidas como "linguagem bebé", que continuam para além do tempo normal. Pelos cinco anos de idade as crianças devem pronunciar correctamente a maioria das palavras. - A dificuldade em pronunciar uma palavra pela primeira vez, ou em pronunciar correctamente palavras complexas, pode ser apenas um problema de articulaçào. As incorrecções típicas da dislexia são a omissão e a inversão de sons em palavras (fósforos/fosfos, pipocas/popicas...). - Frases curtas, palavras mal pronunciadas, com omissões e substituições de sílabas e fonemas. - Dificuldade em aprender: nomes de cores (verde, vermelho), de pessoas, de objectos, de lugares... - Dificuldade em memorizar canções e lengalengas. - Dificuldade na aquisição dos conceitos temporais e espaciais básicos: ontem/ amanhã; manhã/a manhã; direita/esquerda; depois/antes... - Dificuldade em aperceber-se de que as frases são formadas por palavras e que as palavras se podem segmentar em sílabas. - Não saber as letras do seu nome pró- prio. - Dificuldade em aprender e recordar os nomes e os sons das letras. AVALIAR E INTERVIR Se existe, suspeita da existência de défices fonologicos e ou de dificuldades de leitura e escrita deve ser realizada uma avaliação. É importante avaliar para diagnosticar, para delinear as dificuldades específicas, as áreas fortes e para intervir. A avaliação pode ser feita em qualquer idade, os testes são seleccionados de acordo com a mesma. Após a avaliação e com base nos resultados obtidos são implementadas as medidas de intervenção adequadas a cada caso. De referir que a identificação, sinali- zação e avaliação das crianças que evidenciam sinais de futuras dificuldades, antes do início da escolaridade, permite a implementação de programas de intervenção precoce que irão prevenir ou minimizar o insucesso. Como melhorar as competências leitoras? Sendo a dislexia uma perturbação de origem neurobiológica e genética, sendo as diferenças cerebrais e os processos cognitivos “herdados" pode inferir-se que as dificuldades das crianças com dislexia são permanentes e imutáveis? Hoje sabe-se que é posslvel introduzir melhorias através de uma Intervenção especializada, "reorgani- zando” os circuitos neurológicos ao implementar-se um programa reeducativo concebido com base nos novos conhecimentos ncurocientíficos.